Vivemos em
um País totalmente desigual em uma realidade distinta dos países europeus,
principalmente da Alemanha, Áustria e Itália. Três básicas diferenças podemos
notar no quesito Musical apesar das influências:
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Realidade
Musical;
·
Qualidade
musical;
·
Gosto
Musical, gerando consequentemente a hegemonia;
A Europa é a
maior potência em musicalidade no mundo, reúne um acervo ultra panorâmico de
materiais musicais históricos e contemporâneos, tanto da música secular como na
litúrgica, milhares de orquestras e ilustres compositores como Monteverdi,
Bach e Beethoven. Há uma valorização, a Europa lapidou a erudição
musical e a erudição lapidou a Europa.
A educação
musical sempre esteve no cume, à tarefa de uma parcela significativa das
crianças europeias era ir à escola e em casa aprender música, a educação e
todos os seus atributos adviriam da arte. A música era vista com muito
respeito, a hora de treinar ou tocar era um momento sagrado e de extrema
dedicação, com ou sem a ilusão de ser um músico estimado da corte, “brincar”
com peças de Mozart, Haydn ou Vivaldi já era utopia.
Mais de 1350
dos principais compositores europeus deixaram um influente legado para o mundo,
e principalmente para a Europa. Handel, Chopin, Brahms... Até hoje vivem nos
cinemas, teatros, concertos, desenhos e nas ruas, personagens que o tempo e a
hegemonia musical formada pelas tendências não conseguiram apagar, a música erudita
continua expressa e vívida, a maior herança musical que a Europa poderia ter e
usufruir.
No Brasil, vamos tentar entender o porquê de
a música erudita ser tão debilitada.
Brasil, um País de multi:
multicultural, multirracial, multiétnico e por ai vai. Povo de muita história e
grandes influências do mundo globalizado, no quesito Música, o Brasil é sem
dúvida o de maior panorama.
O século XX
foi marco e talvez o princípio da revolução da criatividade brasileira, muitos
gêneros e subgêneros musicais foram criados através da fusão, isso gerou uma
vasta ramificação de estilos e a música erudita tradicional acabou ficando para
trás. Mas, por quê? Vamos tentar entender este mistério em duas teses:
·
Quando
os padres Jesuítas chegaram ao Brasil em 1549 e logo começaram as atividades
envolvendo musicalização social, era algo novo e esplendido, porém com o passar
dos séculos, a modernidade musical sob influência de vários aspectos como
produtos advindos principalmente dos Estados Unidos e também a novidade da
música eletrônica e toda a sua órbita envolvente, a música erudita acabou
ultrapassada por um carrilhão de novidades.
·
A
música é construída por um MOTIVO, através da história e do contexto
sociocultural de cada época, a música erudita foi edificada na Europa em um
período de brilho e requinte. Em solo brasileiro, ela venho como um modelo, o
seu gênese é Europa e o seu motivo é Europa. Exemplo prático dos dias de hoje é
o Sertanejo Universitário, houve um motivo brasileiro para dar gênese ao desenvolvimento
do estilo, por esses dois e únicos aspectos, ele é tão forte e denso, que em
aproximadamente dez anos já se tem um panorama impressionante de artistas,
compositores e fãs do estilo.
Em nossos dias atuais uma parcela significativa de jovens e
de adolescentes escutam música com a finalidade de sentir o tempo passar mais
rápido, esta artificialidade gera um colapso no discernimento, o gosto escroto
por letras pejorativas, insensibilidade ao discernir um gênero musical ao
outro, generalização do mesmo, tornando a pensar que tudo é música, mas o que é
bom é só “batidão” e letras excitantes. Esse colapso é consequente do fato de
não haver uma educação musical generalizada na sociedade, a Europa nos mostra
André Rieu enquanto a mídia brasileira nos empurra Valesca Popozuda em pleno
horário nobre. Resumindo em poucas
palavras da realidade musical brasileira, a música comercial (expressamente
pejorativa) é a soberana. Estamos longe da sonhada hegemonia nacional.
Uma das culturas informais que infelizmente o Brasil aderiu pela
insensibilidade é a incompreensão da sociedade, sobre o poder da música,
atualmente há um cenário raquítico da música erudita dispersa ao longo do
território nacional,e para somar os adeptos são dizimados, consequência da
ramificação de gêneros musicais no Brasil.
Há última das diferenças é o gosto musical. A tendência é o
modismo, a “glamourosa” vitrine brasileira, a qual em seu ciclo a música
erudita nunca esteve na orbita por ser um gênero gringo. A tendência esta
expressa no gosto, o qual gerou uma hegemonia, uma placa densa onde a erudição
não encontra espaço por não ser um estilo genuinamente nacional.